Se você trabalha com TI, sabe que o gerenciamento de acesso não é apenas sobre "quem pode ver o quê". É sobre proteger os dados da empresa, garantir que ninguém esteja olhando para o que não deve e, ao mesmo tempo, preparar o terreno para passar sem dor de cabeça pelas auditorias. Mas criar uma política de acesso não é o suficiente. É preciso revisá-la regularmente. E isso não é um "checklist chato"; é um dos passos mais importantes para proteger seu negócio e mostrar seriedade diante de reguladores e auditores.
Vamos conversar sobre por que isso é tão essencial e como fazer isso de forma prática.
Imagine um ex-funcionário que tinha permissões administrativas em um banco de dados crítico. Ele saiu da empresa, mas as permissões ficaram lá. Pode ser que ele não tenha má intenção, mas essa falha abre espaço para possíveis incidentes. Ou talvez alguém que mudou de departamento ainda tenha acesso a informações sensíveis que já não são da sua alçada. Esse tipo de “excesso de privilégios” é uma brecha de segurança esperando para ser explorada.
Regularizar acessos antigos é uma tarefa constante. Isso não só impede que um insider cometa um erro (ou algo pior), mas também fortalece suas defesas contra ataques externos. Em um ambiente onde dados valem ouro, quem tem acesso precisa ser revisto periodicamente.
Seu ambiente de TI hoje não é o mesmo de seis meses atrás. Ferramentas novas foram implementadas, talvez o banco de dados on-premises foi migrado para a nuvem, ou novas integrações com APIs começaram a ser usadas.
Agora pense nas suas políticas de acesso: elas refletem essas mudanças? Ferramentas desatualizadas ou permissões configuradas de forma genérica (como o famoso "todo mundo tem acesso a tudo") comprometem não apenas a segurança, mas também a eficiência.
Por exemplo, ao mover um banco de dados do SQL Server para um serviço como AWS RDS, você precisa ajustar as permissões e explorar os recursos de segurança que a nuvem oferece. Se isso não é feito, fica um buraco na sua estratégia, e ninguém quer descobrir isso na hora de uma auditoria ou, pior, depois de um vazamento.
Se tem algo que auditores gostam, é ver uma empresa organizada e proativa. Quando chega o momento de uma auditoria, se suas políticas de acesso estão desatualizadas ou mal documentadas, você está pedindo para ouvir palavras como "não conformidade" ou "apontamentos críticos". Isso, claro, sem falar no impacto para a reputação da empresa.
Auditorias não precisam ser o monstro que muitos imaginam. Uma rotina clara de revisões de acesso, bem documentada, simplifica tudo. Além disso, ao implementar boas práticas de gestão de identidade (como soluções de IAM ou RBAC), você reduz o tempo gasto justificando acessos antigos e mostra que a TI está no controle.
Leis como LGPD e GDPR podem parecer complexas, mas, na prática, elas estão dizendo: "Cuide dos dados das pessoas como se fossem seus". Revisar as permissões de acesso ajuda a garantir que apenas quem realmente precisa manipular informações sensíveis tenha essa permissão. Isso protege tanto a empresa quanto os dados de seus clientes.
Imagine o impacto de um vazamento causado por alguém que tinha acesso a um banco de dados sem necessidade. Além das multas, a confiança do mercado despenca. Revisar acessos regularmente é um seguro contra esses cenários.
Por mais que a equipe de TI seja competente, concessões manuais de acesso sempre estarão sujeitas a falhas. Uma permissão esquecida aqui, um colaborador promovido ali, e pronto: os erros se acumulam. Com ferramentas de automação, como Okta, Azure AD ou CyberArk, é possível monitorar, ajustar e até revogar acessos automaticamente.
A automação não substitui o julgamento humano, mas ela cuida das tarefas repetitivas, permitindo que a equipe foque no que realmente importa. E, como bônus, tudo fica registrado de forma clara para futuras auditorias.
Aqui vai um passo a passo que funciona:
Manter suas políticas de acesso atualizadas não é algo opcional; é um compromisso com a segurança, a conformidade e a própria eficiência do negócio. Investir tempo agora para revisar e ajustar acessos é muito mais fácil do que lidar com problemas sérios depois, seja um incidente de segurança ou um apontamento crítico em auditoria.
Comece pequeno, mas comece. E lembre-se: não se trata apenas de TI. É uma responsabilidade de toda a organização manter o acesso aos dados sob controle.